1. Certa vez estava a ver as fotografias de casamento de um colega da sede em Lisboa: fotografias simples, de felicidade e intimidade, de um grande momento da vida daquele casal. Há medida que as ia apreciando, reparava que uma grande parte dos amigos convidados do casamento eram os colegas de trabalho. E fui percebendo que havia uma ligação natural entre os colegas de trabalho e os seus círculos de amizade mais próximos. Na mesma empresa houve entretanto vários casamentos entre colegas, fruto da idade “casadoira” de muitos dos colaboradores. Frequentemente fala-se da dicotomia vida pessoal/vida profissional, como se as empresas fossem entidades assépticas e despersonalizadas… A minha experiência tem-me dito o contrário. Passamos muito tempo da nossa vida nas empresas com outras pessoas, outros ser humanos que também amamos (ou não…). Acabamos por partilhar alegrias e tristezas, muitas vezes durante um período longo da nossa vida. Para além da família e de outros círculos de amizade, o ambiente humano das empresas é uma vertente “comunitária” de partilha de vida. Ainda mais relevante numa sociedade tendencialmente pulverizada.
2. Em paralelo, está a dar-se o fenómeno da (r)evolução da relação empregado/empregador. Antes, era um privilégio uma empresa oferecer um emprego. O trabalhador submisso respondia ao anúncio que correspondia ao seu perfil, muitas vezes sem saber sequer qual era a empresa que o contratava. As entrevistas decorriam, como um processo de seleção natural, em que a empresa assumia o papel dominador. Ainda hoje muitas empresas, em processos anacrónicos, mantêm este papel. Mas o “mercado de talento” está a mudar (o próprio nome o indica, ao vir substituir o “mercado de trabalho”). A relação é agora mais equilibrada. Ambos, empregado e empregador, têm de apresentar a sua “proposta de valor”, têm de ser “atrativos”, e iniciar o seu “namoro”, que resultará, não na “contratação”, mas no “projeto de colaboração” com a empresa. E se atentarmos a mercados “aquecidos”, como o das tecnologias de informação, a situação inverte-se e já observamos empresas a buscar candidatos com o mesmo procedimento que antes os candidatos buscavam as empresas… Nasce então o “EMPLOYER BRANDING” como forma de promover a atratividade das empresas.
3. E então o que tem a ver o ponto 1 com o 2 ? – O ambiente humano das empresas, que na prática sempre existiu, unido com a (r)evolução da relação empregado/trabalhador, conduz à criação de empresas mais preocupadas com a felicidade dos seus colaboradores, que promovem o bom relacionamento entre estes, com ambientes mais confortáveis, no fundo criando empresas mais humanas. Estas preocupam-se em criar espaços acolhedores, “divertidos”, “cool offices”, com diversas atividades para “mimar” os colaboradores. Mas para atrairem os candidatos têm de comunicar eficazmente essa nova forma de estar, através de estratégias de Employer Branding.